Falta de acessibilidade afeta a participação de pessoas com deficiência em grandes eventos
O tema voltou a ser abordado após o relato de pessoas que participaram de um festival nacional, compartilharem a falta de acessibilidade nos grandes eventos
Já imaginou que muitas pessoas com deficiência não frequentam shows e eventos por falta de acessibilidade? Com a volta dos eventos presenciais no Espírito Santo, o assunto sobre a inclusão da pessoa com deficiência em espaços sociais e de entretenimento deve voltar às rodas de discussão.
Na última semana, muitas pessoas que participaram do festival Lollapalooza, realizado entre os dias 23 e 27 de março em São Paulo, e precisavam de recursos de acessibilidade para assistir aos shows, relataram situações constrangedoras nas redes sociais. Segundo eles, o ocorrido no festival é um exemplo da falta de atenção da organização para com as necessidades das pessoas com deficiência e o tema passou a ser amplamente discutido trazendo à tona os problemas estruturais. Entender quais são as demandas desse público para ter acesso à espaços culturais é essencial para ampliar a inclusão social.
Rampas, elevadores de acesso e corrimão; reservas de lugares com boa visibilidade para pessoas com deficiência e seus acompanhantes distribuídas pelo espaço; sinalização e saídas de emergência acessíveis para todos; tradução em libras e leitores de tela. Esses são alguns dos recursos que devem estar presentes em um evento para torná-lo acessível.
Além disso, para que toda a estrutura funcione, é necessário que tudo isso seja incluído no planejamento desses espaços, desde o início da elaboração do projeto, sendo necessário um estudo do público composto por pessoas com deficiência.
A comunicação também deve ser pensada para atender a todos, evitando o uso de termos pejorativos e degradantes ao fazer referência às pessoas com deficiência e fornecendo meios para a sua autonomia enquanto participantes do evento.
“É fundamental que possamos construir uma sociedade educada na cultura do respeito à diversidade e que garanta acessibilidade e condições de participação de todos”, afirma Vanderson Gaburo, presidente da Federação das Apaes do Estado do Espírito Santo (Feapaes-ES).
O que diz o Estatuto da Pessoa com Deficiência?
A garantia de acesso à cultura, por meio da participação em shows, peças teatrais e outros eventos pelas pessoas com deficiência também é pautada no Estatuto da Pessoa com Deficiência. O documento fala sobre a obrigatoriedade do poder público de não só garantir, mas também promover a inclusão social nesses espaços.
Ele dispõe sobre a reserva de vagas para esse público e estabelece alguns critérios para a localização desse espaço, tais quais: boa visibilidade e ser próximo ao corredor, além de ser preparado para receber pelo menos um acompanhante. Também devem ser evitadas áreas separadas do público e locais onde as saídas de emergência obrigatórias estão obstruídas.
O Estatuto ainda reforça que as normas de acessibilidade em vigor devem ser seguidas e proíbe a venda de ingressos para as pessoas com deficiência com o valor acima do cobrado para os demais públicos.