O dado da Organização Mundial da Saúde (OMS) revela a gravidade do suicídio como questão de saúde pública global. No Brasil, são cerca de 14 mil mortes por ano, em média 38 pessoas por dia. Ainda assim, falar sobre o tema segue envolto em tabus e silêncios. É justamente para quebrar essas barreiras que nasceu o Setembro Amarelo, campanha de prevenção ao suicídio que chama atenção para a necessidade de informação, acolhimento e cuidado com a saúde mental.
Segundo a psicóloga Marilia Zanette, a abertura para o diálogo pode salvar vidas.
“Falar sobre suicídio não incentiva o ato, pelo contrário, é uma forma eficaz de prevenção. O silêncio gera isolamento, e o isolamento aumenta o sofrimento”, explica.
Marilia Zanette -Psicóloga
Entre os sinais de alerta, Marilia destaca mudanças de humor persistentes, isolamento social, alterações no sono e no apetite, além de falas que demonstram desesperança ou inutilidade.
“Cada pessoa manifesta o sofrimento de uma maneira. Por isso, a escuta atenta é essencial. Muitas vezes, o simples ato de estar presente, ouvir sem julgar e validar os sentimentos já oferece um alívio significativo”, ressalta.
Um dos mitos mais perigosos, segundo a psicóloga, é a ideia de que quem fala sobre suicídio “não fará nada” ou “quer apenas chamar atenção”. “Essa crença desvaloriza o sofrimento e dificulta a busca por ajuda. Toda fala deve ser levada a sério e tratada com acolhimento”, afirma.
O apoio, de acordo com Marilia, deve estar baseado na empatia e na presença. Evitar julgamentos, críticas ou minimizações é fundamental.
“O que a pessoa mais precisa nesse momento é sentir que não está sozinha. Orientar sobre a importância da ajuda profissional, sem pressão, também faz parte do cuidado”, acrescenta.
A psicoterapia, segundo ela, é uma ferramenta poderosa na prevenção. “O processo terapêutico cria um espaço seguro para que a pessoa expresse seus sentimentos, compreenda os fatores que contribuem para o sofrimento e desenvolva estratégias de enfrentamento mais saudáveis. Nos casos de maior risco, o acompanhamento multiprofissional é essencial”, explica Marilia.
Em 2025, o tema da campanha nacional é “Conversar pode mudar vidas”, reforçando a importância da escuta como ponte de acolhimento. Para Marilia, esse lema traduz bem o espírito do movimento.
“Abrir espaço para falar de dor, medo e angústia é um ato de cuidado. É dar a alguém a chance de enxergar novas possibilidades de vida”, conclui.
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