Dani Laudino é assistente social, especialista em gestão social com mais de uma década de experiência no Terceiro Setor e escreve semanalmente para a coluna Causando Por Aí do Um Social.

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Racismo ambiental, a crise climática e o meio ambiente

Perguntando a uma colega sobre o impacto das chuvas na região onde ela mora, ela disse que na região dela não estava sendo muito prejudicado não, mas que estava acompanhando que em outras regiões estavam sendo muito atingidas. Então, eu disse que isso era reflexo do racismo ambiental. E ela me perguntou o que era isso? E se existia mesmo esse conceito de racismo ambiental.

E você já ouviu falar sobre esse termo? Hoje vamos falar sobre essa conceituação, mas antes gostaria de te dizer que a situação de chuvas fortes em municípios do Espírito Santo e no Brasil também me trouxe a lembrança do filme Parasita. Você já assistiu ao filme Parasita?

O filme Parasita é um sul-coreano, lançado em 2019. O filme aborda a questão das desigualdades sociais que ocorrem em Seul, capital da Coreia do Sul, quanto a realidade da população que vive em moradias insalubres, assentamentos informais e lugares com aglomeração irregular.

Se assistiu ou não, eu gostaria de trazer somente uma cena que se passa dentro de um carro. A cena é a seguinte: tem dois personagens, um motorista e a patroa dele. E na noite anterior a essa cena, a casa do empregado havia sido inundada pela chuva. E mesmo assim, ele movido pelo compromisso, havia ido trabalhar no outro dia e estava ali disponível para os seus patrões que nem faziam ideia da calamidade que sucedeu a seu empregado e família. E assim, o empregado escuta o diálogo entre a patroa e alguém ao telefone que se segue: “[…] hoje o céu está tão azul e sem poluição. Graças à chuva de ontem. Aquela chuva foi uma benção.”

Com esse diálogo percebemos que os eventos climáticos extremos como enchentes atingem de forma diferentes as pessoas pela cidade e o mundo, sendo que uns são muito mais atingidos que outros. Na cena do filme a patroa está grata pela chuva, mas o empregado, já do pouco que tinha perdeu tudo, até o espaço que morava, indo ficar em um abrigo com todos os outros moradores do seu bairro.

Voltando ao conceito de racismo ambiental, esse foi um dos temas centrais da 26ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26), evento que aconteceu entre os dias 01 a 12 de dezembro de 2021 em Glasgow, na Escócia. E estiveram presentes representantes do movimento negro e do movimento indígena brasileiros que denunciaram o problema e cobraram ações efetivas dos líderes mundiais.

A maioria dos desastres ambientais de grande impacto ocorrem em lugares em situação de vulnerabilidade social e nas comunidades periféricas. Como rompimento de barragens, enchentes em grandes cidades, deslizamentos de terras, longos períodos de seca e cheias recordes. No mundo todo, quem mais sofre com eventos climáticos extremos e com crimes ambientais são predominantes as populações étnico-raciais em situação de vulnerabilidade e que geralmente morrem de toxoplasmose nessas áreas insalubres, contaminadas em áreas que são lixões industriais e morrerem nas secas, fome e processos de imigração. E esse fenômeno tem nome “racismo ambiental”.

Então, o que é racismo ambiental?

Apesar de as questões climáticas estarem em voga, o termo racismo ambiental foi criado pelo Dr. Benjamin Franklin Chavis Jr., na data de 1981. O Dr. Chavis foi líder afro-americano da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos e o termo surgiu a partir das investigações que realizou sobre a relação entre as irregularidades ambientais e a população negra estadunidense.

O racismo ambiental, de acordo com Chavis “é a discriminação racial na elaboração de políticas ambientais, aplicação de regulamentos e leis, direcionamento deliberado de comunidades negras para instalação de resíduos tóxicos, sansão oficial da presença de veneno e poluentes com risco de vida às comunidades e exclusão de pessoas negras da liderança dos movimentos ecológicos”.

Por isso se faz necessário ampliar a compreensão sobre a origem do termo “racismo ambiental” e reconhecer como ele abriu margens para várias discussões ambientais atuais. Acompanhamos cientistas alertando para uma série de mudanças climáticas com impactos diretos na vida e sobrevivência humana, o que chamam de colapso climático e algumas das possíveis consequências são: Ondas de calor pelo mundo; Secas e incêndios; Ciclones devastadores e simultâneos; Chuvas e enchentes; espécies em risco de extinção.

Considerando todas essas implicações previstas por especialistas de diferentes países, de especialistas da ONU, as perspectivas de futuro próximo é a intensificação dessas mudanças climáticas. Inclusive tendo o surgimento dos chamados “Refugiados climáticos” que são as pessoas que têm que fugir de seus países visando sobreviver diante de suas terras devastadas ou improdutivas por conta das mudanças climáticas advindas desse processo da crise ambiental.

E como isso se transforma esse cenário?

Sabendo que em catástrofes ambientais pessoas e lugares são afetadas de forma diferente urge debatermos e promovermos discussões sobre a temática entre os grupos sociais sobre o Meio Ambiente e Recursos Naturais, considerando essas e tantas outras questões como o racismo ambiental.

Conheça mais com quem estuda o assunto

  • Mariana Lima, repórter da periferia e roteirista de podcasts;
  • Samela Sateré Mawé, jovem liderança indígena e integrante do Fridays For Future;
  • Sueli Conceição, bióloga e doutora em Desenvolvimento do Meio Ambiente;
  • Marcos Souza, geógrafo, professor e especialista em Meio Ambiente;
  • Stephanie Ribeiro, Ativista, da Marie Claire.

Quer saber e entender mais sobre o assunto?

  • Conheça o Pintou Um Climão! o podcast educacional do Greenpeace
  • O Politize!

Podemos também contribuir com as ações emergenciais

Doando pessoas que estão desabrigadas e foram diretamente atingidas pelas enchentes. Nosso Espírito Santo grupos estão promovendo ações de arrecadação de doações de roupas, colchões, alimentos, produtos de limpeza, higiene, móveis para pessoas que estão desalojadas e/ou tentando voltar a suas casas.

 

 

Fique por dentro!


 

XII Conferência dos Direitos da Criança e Adolescente

Nesta quinta-feira, dia 8 de dezembro, a prefeitura de Vila Velha, por meio da Secretaria de Assistência Social e Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente – COMCAVV, promove a XII Conferência Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, que será realizada na Fundação Carmem Lúcia, na Barra do Jucu. O evento é gratuito e as inscrições podem ser feitas pelo link.


 

Natal + Solidário

A Prefeitura da Serra lançou a campanha Natal + Solidário, que visa arrecadar brinquedos novos e embalados que serão entregues às crianças do município. É possível fazer as doações até o dia 14 de dezembro. Clique aqui para ver os pontos de doação e participar dessa ação linda!

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