Nem todo super-herói veste capa. Alguns vestem toucas de natação, outros enfrentam longas sessões de quimioterapia com um sorriso no rosto. Neste Dia das Crianças, a Acacci (Associação Capixaba Contra o Câncer Infantil) celebra a força e a esperança de pequenos heróis que transformam o tratamento contra o câncer em histórias de superação.
O capixaba Higor Rosa Mariano, de 13 anos, foi diagnosticado com câncer no fêmur aos cinco. Após quase um ano de quimioterapia, precisou amputar a perna direita.
“Quando o médico explicou que seria necessário amputar, ele respondeu que preferia a vida dele do que a perna. Não reclamou em nenhum momento”, conta a mãe, Denise Rosa da Silva, moradora de Rio Marinho, em Cariacica.
Antes da cirurgia, Higor recebeu uma surpresa que marcou sua história: em dezembro, os médicos o liberaram para participar de uma festa na Acacci, onde pôde brincar e sorrir em meio à luta contra o câncer. “Naquele dia ele esqueceu da dor e da internação. Foi pura alegria”, lembra Denise.
Após a amputação, o menino passou por sessões de fisioterapia na própria Acacci e, até hoje, participa das atividades e encontros na Casa de Apoio. A família conheceu a instituição durante uma visita dos voluntários ao hospital onde Higor estava internado. “O apoio chegou na hora certa”, diz Denise. “Naquele período, foram três casos de câncer na família: meu marido em junho, o Higor em agosto e minha sogra em setembro. Recebemos cesta básica, vale-transporte e até o carro da Acacci nos buscava para consultas. Eles se tornaram nossa segunda família.”
Hoje, Higor é atleta de natação paralímpica e já coleciona medalhas em diversas competições. Em novembro, ele participará de duas travessias (uma na Praia de Camburi, em Vitória, e outra em São Paulo). Segundo Denise, o esporte transformou completamente a vida do filho, trazendo alegria, força e propósito. Ela acredita que, se não tivesse passado pela amputação, talvez ele nem tivesse descoberto esse talento.
A história de Wenderson Henrique Alvarenga do Nascimento, de 11 anos, também é marcada pela coragem. Aos nove, um pequeno caroço no quadril esquerdo virou um diagnóstico de câncer. Ele passou por duas cirurgias e 32 sessões de quimioterapia no Hospital Santa Rita, ficando sete meses internado.
“No início ele chorava muito, principalmente quando começou a perder o cabelo. A equipe da Acacci conversou comigo e com ele, e isso nos deu força”, lembra a mãe, Maria de Fátima Alvarenga, moradora de Piranema, em Cariacica.
Durante o tratamento, Wenderson recebeu apoio da Acacci com cesta básica, vale-transporte e momentos de recreação na Casa de Apoio, em Jardim Camburi. Maria de Fátima conta que o filho se alimentava no local, participava das atividades e se divertia nas ações promovidas pela instituição. Ela afirma que o acolhimento foi fundamental para a família e que considera a Acacci como uma segunda casa.
Para a Acacci, o tratamento contra o câncer vai muito além dos medicamentos. A instituição oferece, há mais de 30 anos, suporte integral às crianças e adolescentes com câncer e às suas famílias, com atividades lúdicas, oficinas educativas, arteterapia e acompanhamento biopsicossocial, além de transporte para o centro de tratamento e alimentação.
“Muitas famílias vêm do interior e só conseguem continuar o tratamento por causa desse apoio”, explica Luciene Sales Sena, superintendente executiva da Acacci. “Nosso papel é garantir que a criança continue sendo criança, mesmo diante da doença que ela brinque, aprenda, sorria e sonhe.”