“Há que se fazer mais com menos”, ressalta presidente da Fundaes sobre 2021
Robson de Almeida comentou sobre os impactos da pandemia nas entidades e as perspectivas para o novo ano
Engenheiro de formação, com experiência na Gestão para a Sustentabilidade, Meio Ambiente e Responsabilidade Social, Robson de Almeida Melo e Silva ocupa, há 10 anos, o cargo de presidente Executivo da Federação do Terceiro Setor do Estado do Espírito Santo (Fundaes).
A Federação que congrega as entidades do Terceiro Setor capixaba, presidida por Robson, busca no dia a dia qualificar as associações e fundações com foco nas boas práticas em gestão, profissionalização e ampliação do atendimento de projetos sociais.
Em entrevista ao portal Um Social, Robson detalhou o panorama do Terceiro Setor no Estado e comentou os principais desafios enfrentados ao longo dos últimos meses em decorrência da pandemia provocada pela Covid-19. O presidente da Fundaes falou ainda sobre as perspectivas para 2021 e o que ainda precisa ser feito para que as entidades consigam ampliar o atendimento no Espírito Santo.
Acompanhe a entrevista na íntegra:
– Como o senhor avalia o ano de 2020 para as entidades do Terceiro Setor no Espírito Santo?
Se já foi um desafio para qualquer organização, também o foi para as entidades do Terceiro Setor. Porém este desafio ensinou muito, para sobreviver e fazer mudanças ao mesmo tempo.
– Qual o panorama atual do Terceiro Setor no Espírito Santo?
É de crescimento e de mais profissionalização, com mais governança, isto é, suas gestões têm sido mais supervisionadas pelos Conselhos de Administração e Fiscal. Os serviços, requeridos nas entidades, tais como os de assistência social, terapias complementares, assessoria jurídica, comunicação, marketing e captação de recursos têm sido realizados, cada vez mais, por profissionais, voluntários ou não, melhorando a gestão e o cumprimento da missão das entidades do Terceiro Setor.
– Na sua visão, quais as perspectivas para 2021?
Continuar fazendo mudanças sabendo que os recursos continuarão mais escassos. Então há que se fazer mais com menos. Mais porque as demandas e a vulnerabilidade das famílias vão crescer. E com menos porque não poderá faltar para ninguém.
– Qual será o desafio do Terceiro Setor para este ano?
Fechar as contas será o grande desafio. Os gestores, que já começaram fazendo adaptações e rearranjos funcionais e operacionais, precisarão aprofundar as mudanças, com apoio de tecnologias e profissionais voluntários, na medida do possível. Parcerias com as Empresas para assegurar recursos devem ser fortalecidas, ao mesmo tempo que deve apresentar com toda a transparência à Sociedade. Ainda, assegurar com o Estado que as políticas públicas para a assistência Social e a Saúde sejam priorizadas.
Sabemos que a pandemia provocada pela Covid-19 impactou diretamente as organizações do Terceiro Setor. No entanto, muitas entidades conseguiram continuar os trabalhos através das tecnologias, como avalia esse avanço?
Este é um dos efeitos colaterais positivos da Pandemia: acelerou mudanças, exigiu rápidas adaptações para que a perda de vínculos, entre beneficiários (crianças, jovens, idosos e famílias inteiras) e entidades não ocorresse. No entanto, a internet para todos continua em falta e muito essencial. Diria mais, que é item da cesta básica. A perda de vínculos pode ser combatida por atividades, monitoradas pelos educadores sociais e terapeutas nas entidades, se as famílias tiverem este recurso. Portanto, repito, internet é item da cesta básica.
– Apesar dos impactos, a pandemia trouxe algum aprendizado para as organizações do Terceiro Setor?
Sem dúvida. Além da absorção de tecnologias digitais, internet para a interação, as entidades estão revendo e aprimorando seus processos de atendimento, mobilização e comunicação com a sociedade (os seus voluntários, investidores sociais, doadores, e seus públicos de assistência).
Nestes tempos de pandemia o Terceiro Setor tem evidenciado a sua importância, com as suas ações, e o quanto uma cidade e sua população precisam delas, especialmente a parcela mais vulnerável. Por vezes complementando o papel que é do Estado, às vezes substituindo a ação de execução de políticas públicas. A Sociedade como um todo tem aprendido muito e valorizado o Terceiro Setor.
– O que ainda falta para que esse segmento tão importante cresça e ganhe destaque neste novo ano?
Mais capacitação em estratégias de planejamento, gestão executiva e comunicação. Com isso, acreditamos que o reconhecimento da importância do Terceiro Setor na vida da cidade vai sendo solidificado. O diálogo entre Estado, seja a União, o Governo do Estado e os Municípios, mais o Terceiro Setor e as Empresas deve ser intensificado. Todos têm a ganhar, porque a população vai se beneficiar mais e mais deste diálogo. Assim, os recursos financeiros podem ser melhor endereçados e aplicados.
– Qual conselho o senhor deixa para os gestores das entidades?
Ajustar as contas! O desafio de sustentar as atividades passará por “fazer mais com menos”. Buscar novas fontes de recursos e parcerias com o Estado e as empresas. Mobilizar a população para as muitas pequenas e individuais doações que sempre serão indispensáveis. Prestar contas das atividades e recursos aplicados, cada vez mais regular e frequentemente. Assim, adquirir mais confiança da Sociedade.
– Como a Fundaes têm ajudado essas entidades? Quais as novidades para este ano?
Promovendo a troca de experiências, oferecendo capacitação em Gestão e Governança, assumindo a articulação no diálogo com as Empresas e Poderes Públicos. E realizando campanhas junto aos contribuintes do Imposto de Renda, pessoas físicas e empresas, para fazer crescer aqui no Espírito Santo, as destinações do Imposto Devido, mediante as Leis de Incentivo Fiscal (Fundo da Criança e do Adolescente, Fundo do Idosos, Incentivo à Cultura, ao Esporte, do PRONON-Programa Nacional contra o Câncer, para as Pessoas com Deficiência).
Lançamos em novembro a mascote Leal – o Leão Solidário. Com este simpático leãozinho a Fundaes quer estar presente e lembrar a empresas, contadores, pessoas e contribuintes do IR que sempre é possível a solidariedade através do Imposto de Renda, e que isso não custa nada.
Mais estudos e pesquisas para incrementar a plataforma de comunicação e interação entre entidades, projetos sociais e investidores sociais, devem orientar o trabalho da Fundaes em 2021. O Leal vai puxando esta fila. Esta é a hora de fazer a diferença. Destinar parte do Imposto de Renda para o Terceiro Setor é uma ação humanitária que pode ajudar, significativamente, a reduzir os impactos sociais entre os mais vulneráveis.