Reconecta 2023: “Sem a parceria da sociedade não podemos avançar muito”
O assessor especial da Casa Civil João Bosco Dias, que também é uma pessoa com deficiência, fez um balanço do evento.
Ao longo desta semana (entre os dias 4 e 7 de dezembro) está sendo realizada a Conferência e Exposição Estadual de Inclusão e Acessibilidade (Reconecta). O evento, cujo propósito é reunir representantes da sociedade civil, setor privado e público para debater questões relacionadas às pessoas com deficiência, deu visibilidade para questões que são pouco pautadas.
Neste sentido, a edição de 2023 do Reconecta contou com uma série de ações do Governo do Estado, que teve participação efetiva na programação, com palestras, atividades culturais e promovendo oferta de serviços para a comunidade.
Desta forma, a redação do UmSocial conversou com o assessor especial da Casa Civil João Bosco Dias, que também é uma pessoa com deficiência. Ele fez um balanço da participação do Governo no evento, a importância das atividades que foram realizadas e as expectativas para o futuro. Confira:
Repórter: Qual é a importância do retorno do Reconecta para a sociedade capixaba?
Esse evento deu uma grande visibilidade para as necessidades e também para nós apresentarmos o que o Governo do Estado tem e que atende as pessoas com deficiência. É uma oportunidade de mostrarmos para a sociedade o que está sendo feito nessa área.
A partir do momento que você participa de um evento deste porte, que foi uma tenda com a participação de aproximadamente 13 Secretarias de Estado, além de mostrar o serviço para o cidadão e tirar dúvidas, nós ficamos olho no olho com as pessoas que mais precisam.
Repórter: Como foi a participação de vocês no evento?
Nós ficamos dois dias no evento, na segunda e terça-feira, atuando na organização e também com um espaço nosso. O evento é do Ministério Público do Trabalho, e fomos convidados para participar do evento e definimos este formato.
Repórter: O que o poder público tem a acrescentar na discussão sobre acessibilidade e inclusão social das pessoas com deficiência?
Apresentamos um programa que foi lançado no final do ano passado, que é o Serdia, que é uma equipe multidisciplinar, com profissionais para atenderem pessoas com autismo. Então, cada município pode se credenciar e ele vai receber um apoio para o município contratar essa equipe. Além do atendimento, os profissionais também vão acompanhar os familiares.
Também temos um programa muito forte na Secretaria de Educação. Cada núcleo, cada superintendência, que são em torno de 11, todas elas têm um departamento que cuida da política pública das pessoas com deficiência naquela região.
Temos o Sine, que é para garantir as cotas para as pessoas com deficiência, temos a Secretaria de Direitos Humanos que está fazendo um levantamento territorial de onde estão as pessoas com deficiência. Tem a Secretaria de Mulheres, que tem um departamento para identificar, e que está observando o percentual de mulheres com deficiência que sofrem violência, que é preocupante para nós.
Tem vários outros projetos também e temos que melhorar continuamente.
Repórter: Quais foram as atividades realizadas? Qual é o balanço do evento?
Além de atendimentos, fizemos várias palestras, tivemos falas de pessoas com deficiência, uma apresentação de coral, com pessoas de comunidades, algo bastante representativo.
Nosso balanço do evento é muito positivo porque essa parceria foi importante, mostrou para a população que nós do Governo temos uma política forte para as pessoas com deficiência, e, por outro lado, nós pudemos também ouvir essas pessoas. Muitas pessoas nos agradeceram por estarmos ali, pela nossa participação.
Ficou claro para nós a necessidade de criarmos uma governança. Os números levantados pelo Instituto Jones dos Santos Neves mostram que no Espírito Santo nós, pessoas com deficiência, somos em torno de 400 mil pessoas, eu me incluo pois sou cadeirante.
Esses dados mostraram que todos os índices nacionais e estaduais de trabalho, como salário e empregabilidade, para a população de pessoas com deficiência, tudo é menor. É um público que está muito escondido.
Precisamos vencer isso, precisamos do envolvimento dos municípios, estado, Governo Federal. Mas, sem o envolvimento da sociedade, não conseguimos avançar muito porque essa pessoa precisa ser acolhida na sua casa, precisa ser integrada na sociedade. As limitações existem, mas precisamos avançar.