Ruínas do Queimado, na Serra, recebe espetáculo de dança afro-brasileira do Projeto Badu

A montagem “IIAO” será apresentada no próximo sábado (02), no Sítio Histórico de São José do Queimado, importante monumento de resistência à escravidão no ES

O Projeto Badu – Grupo de Dança realiza uma apresentação especial no próximo sábado, dia 2 de abril, às 15h, nas ruínas de São José do Queimado, no município da Serra. Intitulado “IIAO”, o espetáculo será aberto ao público e terá a participação de 23 adolescentes que fazem parte do projeto desenvolvido pela Estação Conhecimento Serra, em parceria com o Fundo Municipal da Infância e Adolescência da Serra.

Com direção artística da coreógrafa Rapha Mel e direção musical do músico percussionista Léo de Paula, o espetáculo “IIAO” vai abordar os temas da ancestralidade e resgate cultural a partir da representação cênica da Revolta do Queimado, ocorrida em 1849, quando negros escravizados se rebelaram por não receber a alforria prometida pela construção da Igreja de São José do Queimado. Liderada por nomes Chico Prego, João Monteiro (“João da Viúva”) e Elisiário Rangel, a insurreição tornou-se um marco da luta dos escravos pela liberdade no Espírito Santo.

Educadora social de dança do Projeto Badu da Estação Conhecimento Serra, onde ministra oficinas de dança, Rapha Mel explica que o título do espetáculo, no dialeto africano yorubá, simboliza a junção das iniciais dos quatro elementos naturais que serão representados na performance: Terra (Ilê), Fogo (Iná), Ar (Afefe) e Água (Omi). “Performaremos a essência de cada elemento para falar sobre a Revolta de São José do Queimado, entre os quais ‘A construção e suas raízes’ (Terra), ‘fúria e revolta’ (fogo), ‘liberdade’ (ar) e ‘a volta para casa’ (água), representando o ponto de chegada e o de partida”, adianta a coreógrafa, responsável pela idealização e o roteiro do espetáculo.

Diretor musical do espetáculo “IIAO” e professor do Grupo de Percussão do Projeto Vale Música Espírito Santo, Léo de Paula observa que a apresentação contará exclusivamente com instrumentos de percussão relacionados ao universo afro-brasileiro. “O arsenal de instrumentos é composto por tambores diversos como atabaques, timbal, djembê e tambor de congo, e por instrumentos melódico-percussivos, entre os quais a marimba, handpan e rav-vast. Teremos também percussão complementar com efeitos da natureza e muitos outros sons interessantes. São mais de 20 instrumentos presentes”, destaca. “São ritmos, melodias e texturas que têm referências da musicalidade sagrada afro-brasileira, além do vigor festivo de manifestações negras representativas”, complementa o músico.

Marco

Para a diretora da Estação Conhecimento Serra, Ana Angélica Motta, a escolha das ruínas de São José do Queimado como cenário da apresentação se deve ao aspecto histórico e simbólico do local. “As ruínas de São José do Queimado representam um marco para a história da Serra. Sua escolha como sede desse espetáculo do Projeto Badu se deve à sua representação para o movimento de resistência do povo negro na Serra e no Espírito Santo”, afirma.

Programe-se:

Espetáculo “IIAO”, com o Projeto Badu – Grupo de Dança
Quando: 02 de abril (sábado)
Horário: 15h
Local: Ruínas da Igreja de São José do Queimado, no Sítio Histórico de São José do Queimado, no município da Serra
Duração: 60 minutos
Participação do Grupo – ACAPOEIRA de Manguinhos
Realização: Estação Conhecimento Serra
Apoio: Fundo Municipal da Infância e Adolescência de Serra e Secretaria Municipal de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer da Serra
Entrada franca

Sobre o Projeto Badu

O Projeto Badu – Grupo de Dança foi lançado pela Estação Conhecimento Serra em 2021, com o objetivo de estimular o protagonismo dos seus usuários por meio da manifestação artística e da expressão corporal. O público-alvo é formado por adolescentes de 12 a 17 anos que moram no município de Serra e têm interesse em assimilar conhecimentos teóricos e práticos de dança. Inicialmente as oficinas eram aplicadas de forma online, em função dos protocolos de prevenção à Covid-19. Atualmente o projeto conta com 72 participantes, divididos em turmas de manhã e à tarde, com atividades realizadas três vezes por semana, nas instalações da Estação Conhecimento de Serra.

Em novembro do ano passado, o grupo fez uma participação no evento de lançamento do CD do professor de Percussão do Vale Música Espírito Santo, Léo de Paula, “Grão: Território Percussivo”, no Museu Capixaba do Negro Verônica da Pas (Mucane).

A diretora da Estação Conhecimento Serra, Ana Angélica Motta, observa que o Projeto Badu é fruto de uma demanda dos adolescentes nas discussões sobre diversidade e gênero. “Entre essas demandas destacam-se principalmente o debate sobre racismo e as questões relacionadas à expressão e relações com o corpo. Por isso a escolha do nome, que tem muito significado neste contexto”, pontua Ana, lembrando que Badu, no vocabulário africano, significa “criança que continua evoluindo, visando preservar a criança interior, trazendo em seu significado alguém forte e poderoso”.

Sobre a Estação Conhecimento Serra

Criada por iniciativa da Fundação Vale, a Estação Conhecimento Serra é uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que atua desde 2011 na promoção dos direitos das crianças e dos adolescentes, em parceria com a Vale e a Prefeitura Municipal de Serra, compondo a rede socioassistencial. Atualmente a instituição atende a cerca de 1300 beneficiários diretos. O objetivo é contribuir para o desenvolvimento integral do indivíduo, integrado com as comunidades, deixando um legado de conhecimento sistematizado para as futuras gerações, por meio de atividades de esporte, cultura e profissionalização.

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