Unidas, instituições públicas e privadas mudam a realidade de 1,3 mil famílias capixabas
Atualmente, aproximadamente 425 mil famílias do Espírito Santo passam por situação de insegurança alimentar
A situação de insegurança alimentar teve um agravamento conforme o avanço da pandemia de Covid-19 no Brasil. Segundo dados da Universidade Livre de Berlim, na Alemanha, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e com a Universidade de Brasília (UnB), seis em cada dez famílias têm limitação na quantidade ou qualidade dos alimentos que consomem.
No Espírito Santo, de acordo com dados (POF 2017-2018) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aproximadamente 425 mil famílias capixabas passam por situação de insegurança alimentar e diante da pandemia e desemprego atuais, a Assembleia Legislativa (Ales), em parceria com a Federação das Fundações e Associações do Espírito Santo (Fundaes), lançou a campanha “A Fome não Espera!”, que arrecadou 33 toneladas de alimentos.
Um desses lares é o da Ana Paula dos Santos, moradora da região de São Benedito, em Vitória. Ana Paula trabalhava como faxineira, mas com a pandemia, acabou ficando sem emprego. O marido, autônomo, trabalha sob demanda em diversos tipos de serviço na construção civil, mas também foi prejudicado pela pandemia. O casal tem quatro filhos que moram com eles e a única fonte de renda fixa, atualmente, é o Bolsa Família. “Está difícil. A gente faz o que pode. Só Deus tem misericórdia”, relata.
Os filhos de Ana Paula são atendidos pelo Secri (Serviço de Engajamento Comunitário), instituição sem fins lucrativos que, há mais de 30 anos, trabalha com famílias do bairro São Benedito, em Vitória, e comunidades vizinhas. São oferecidas atividades no contraturno escolar como aulas de literatura, musicalização, canto e percussão para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.
O Secri foi uma das 17 instituições selecionadas pela Fundaes para receber as doações. Ana Paula elogiou o trabalho da entidade: “Minha filha tem 30 anos. Ela estudou no Secri, seguiu em frente e, hoje, é enfermeira formada. O Secri acolhe a gente, ajuda muito”, disse.
A coordenadora-geral da instituição, Alzirenes Boaventura Dias, explicou como as famílias foram selecionadas para receber as doações. Como o número de cestas, infelizmente, é menor do que o número de lares que necessitam de alimentos, a equipe fez uma triagem das famílias em situação mais vulnerável, levando em consideração os lares com famílias mais numerosas, com maior número de crianças e idosos e com menos fontes de renda.
Municípios do interior do Espírito Santo
A insegurança alimentar não é uma realidade apenas da Grande Vitória. Moradores de municípios do interior do estado também passam por dificuldades decorrentes do período de pandemia. Por isso, a campanha de doação de alimentos também selecionou instituições de fora da região metropolitana. Uma delas é o Instituto Abequar, de Linhares.
A presidente da instituição, Áila Caldeira, revelou que a pandemia de Covid-19 fez crescer o número de pessoas em situação vulnerável. “A gente observou um aumento muito grande na quantidade de pessoas que estavam precisando realmente de comida. É uma questão mesmo da fome”, disse.
“A gente sabe que nesse momento de pandemia não é só a saúde que entra em colapso. Diversas outras políticas públicas começam a ficar abarrotadas. Então, as doações, nesse momento, são de extrema importância para as famílias que estão numa situação de vulnerabilidade, que é o nosso público”, salientou.
O Instituto Abequar é uma organização sem fins econômicos que oferece atividades socioeducativas gratuitas para crianças e adolescentes, de 7 a 17 anos, em situação de vulnerabilidade e risco.
“A Fome não Espera!”
A iniciativa da Assembleia Legislativa contou com o apoio fundamental da Fundaes, que congrega diversas associações e fundações do terceiro setor capixaba.
O diretor-geral da federação, Robson de Almeida Melo e Silva, ficou contente com o resultado: “Saber que 1.300 famílias, pelo menos num momento, podem se alimentar e se proteger contra a Covid é motivo de muita alegria. Mas também tem um senso de que não acabou aqui. Que mais entidades possam continuar nessa pegada de fazer chegar alimentos para muitas outras famílias”, conclamou.
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Erick Musso (Republicanos), também celebrou o saldo da iniciativa. “Quero agradecer a todos que estiveram envolvidos nessa campanha. Sociedade, servidores, instituições, empresas e todos os parceiros que se empenharam nas doações. Unimos, mais uma vez, força com os capixabas para socorrer quem mais precisa, quem perdeu tudo, quem tem fome. Estaremos sempre a postos para ajudar a nossa gente. Mais uma vez, muito obrigado, capixaba, pela generosidade com um irmão menos favorecido e que está sofrendo as consequências nefastas desta pandemia”, ressaltou Musso.
Entidades beneficiadas
Os alimentos e itens de higiene arrecadados pela campanha “A Fome não Espera!” foram distribuídos para 17 instituições: Instituto Abequar (Linhares); Instituto João XXIII (Vitória); Fundação Carmem Lúcia (Vila Velha); Associação Recreativa e Cultural Mocidade Unida da Glória – MUG (Vila Velha); Serviço de Engajamento Comunitário – Secri (Vitória); Associação dos Amigos dos Autistas – Amaes (Vitória); Rochativa (Cachoeiro de Itapemirim); Fundação Beneficente Praia do Canto (Vitória); Ateliê de Ideias (Vitória); Associação Amigos da Justiça (Aracruz, Ibiraçu, João Neiva e Serra); Associação Pestalozzi (Serra); Instituto Laudino (Serra); Chegou o que Faltava (Vitória); Apae (Serra); Obra Social Nossa Senhora das Graças (Vitória); Pastoral Social Santa Dulce dos Pobres (Cariacica); e Rede Aica (Serra e Santa Teresa), Associação Alef Bet, Rede Abba, Centro de Vivências Despertar para a Vida, Casa do Menino.
Doadores
Além das participações individuais, a campanha “A Fome não Espera!” recebeu doações das seguintes entidades e empresas: Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes); Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa e do Tribunal de Contas (Sindilegis); Buaiz Alimentos; Shopping Vitória; Marca Ambiental; ArcelorMittal; Petróleo e Gás Espírito Santo; A.T.M. Ar Condicionado; Rede SIM; Associação de Procuradores da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Aproales); Associação Representativa dos Servidores da Assembleia Legislativa (Arsal); Sicoob Servidores; Teclan Informática e Serviços Ltda; além de contribuições de deputados e de diversos grupos de servidores da Ales.