Plataforma nascida no Nordeste já distribuiu mais de R$ 4 milhões a projetos sociais

O ponto de virada veio em 2016, quando Jovemar conheceu o trabalho de uma escola comunitária em seu bairro de infância, em São Luís. A experiência inspirou a criação da primeira agência de comunicação da região dedicada exclusivamente a organizações da sociedade civil. Com a pandemia de Covid-19, em 2020, o financiamento de projetos sociais foi fortemente impactado, já que a maior parte dos recursos se concentrou na ajuda humanitária. Diante disso, Jovemar buscou alternativas, como as leis de incentivo à cidadania fiscal, até chegar à ideia de desenvolver uma solução capaz de aproximar organizações sociais, doadores e empresas.

“A Reapp nasceu para diminuir a lacuna de comunicação entre as ONGs e os analistas de projetos. Muitas instituições têm dificuldade em apresentar seus dados de forma corporativa, e isso limita o acesso a financiamento. A nossa plataforma organiza essas informações e entrega dashboards personalizados que facilitam a análise e agilizam a tomada de decisão, aumentando a produtividade e a distribuição de recursos para quem mais precisa”, afirma o diretor-executivo da Reapp Mobi.

Lançado em 2025, o aplicativo da Reapp Mobi foi resultado de pesquisa e desenvolvimento em parceria com a Universidade Federal do Maranhão e a Universidade de Lancaster, no Reino Unido, dentro do programa Digital Good Network. Foi a única iniciativa do Nordeste a integrar o programa. A plataforma foi construída de forma colaborativa com 18 instituições de São Luís, garantindo que a interface atendesse às demandas reais das organizações sociais.

Hoje, o aplicativo reúne 110 instituições de 12 estados em sua comunidade no WhatsApp e trabalha para expandir sua presença. A meta até o fim deste ano é alcançar 450 organizações cadastradas, 2.500 usuários doadores e três empresas contratando seus serviços. Com interface inspirada nas redes sociais, a Reapp Mobi já teve mais de 25 projetos incentivados e distribuiu mais de R$ 4 milhões, impactando mais de 2.600 famílias. A social tech atua no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 17, voltado a fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.

O uso do aplicativo é simples. As organizações interessadas em ampliar sua captação de recursos podem baixar o aplicativo pelo Google Play ou Apple Store, cadastrar seus projetos e passar por um processo de aprovação. Assim que aprovadas, passam a captar recursos financeiros, materiais e humanos. Para empresas e doadores, a plataforma disponibiliza relatórios em tempo real e monitoramento detalhado do impacto social. “Atualmente, a Reapp retém 30% dos recursos captados pelas ONGs, mas a meta é tornar essa funcionalidade gratuita por meio do financiamento de empresas, que pagarão uma taxa mensal para monitorar as atividades das instituições em seu ecossistema”, complementa Jovemar.

Além da proposta tecnológica, a Reapp adota um modelo de gestão diferenciado e se posiciona como um negócio de impacto decolonial, voltado à desconcentração de poder e recursos. Embora tenha operações em São Paulo, a sede permanece no Maranhão, o que Jovemar considera um simbolismo importante por estar fora dos grandes centros.

“Nossa ideia é trabalhar todas as posições de forma horizontal. Todo mundo tem a mesma importância e o mesmo poder de decisão na hora de realizar o trabalho de gestão”, comenta o fundador da Reapp Mobi.

Entre as organizações beneficiadas está o Instituto Céu Azul, de Piracicaba, integrante da plataforma desde 2023. Para Ana Lucia Amstalden, a inovação e a experiência da equipe foram decisivas para sua aproximação à iniciativa. “O que me faz estar ao lado da Reapp é essa inovação e o conhecimento. Há muito tempo ele (Jovemar) já transita em parcerias e trabalhos, com esse olhar atento em relação às necessidades, às fragilidades e também à potência das instituições. Esse olhar inovador e tecnológico, buscando trazer o que tem de mais moderno para o terceiro setor, é algo que nos aproxima. Eu também acredito que seja porque o app tem um propósito e quer deixar um legado, e isso vem de encontro com aquilo que nós fazemos no Instituto Céu Azul”, destaca.

Outra parceria de destaque em Piracicaba é com a Associação de Pais e Amigos de Surdos. Para a presidente Silvia Sampaio José, a colaboração com a Reapp abriu novas frentes na captação de recursos e trouxe resultados significativos.

“Nos ajudou muito nos últimos anos com a nossa caminhada para um fortalecimento financeiro e melhorias em nossos atendimentos e ambientes para os assistidos”, comenta.

No Nordeste, em São Luís, o Instituto Santa Clara também se beneficiou da atuação da Reapp. A gestora Raimunda Silva relata que a parceria contribuiu para a organização e fortalecimento da instituição.

“Conhecemos a Reapp em um momento muito difícil da nossa instituição, em que estávamos em busca e construção de uma identidade forte, mas sem condições financeiras para dar continuidade às ações. A captação de recursos foi fundamental. Conseguimos organizar a instituição internamente, participando de reuniões e workshops, e isso nos deu uma nova visão de como estruturar uma OSC com várias ações”.

Raimunda acrescenta que a iniciativa “fortalece pequenas organizações, promove diálogos e forma redes de apoio, abraçando todas as instituições, independentemente do tempo de atuação ou condições financeiras”. Mais informações podem ser acessadas em @reappmobi e no site oficial reappmobi.org.

 

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