Os maiores desafios das pessoas com deficiência no ES
Apesar dos avanços em políticas de inclusão, barreiras ainda são comuns no cotidiano dessa parcela da população
Aproximadamente, 276 mil pessoas vivem com algum tipo de deficiência, no Espírito Santo, o que representa 6,7% da população, segundo dados do governo estadual. Entre elas, 50,8% têm deficiência visual, 24,2% motora, 13,8% intelectual e 11,2% auditiva. No entanto, apesar dos avanços em políticas de inclusão, barreiras ainda são comuns no cotidiano dessas pessoas.
Segundo Maria das Graças Vimercati, presidente da Federação das Apaes do Estado do Espírito Santo (Feapaes-ES), “o preconceito e a falta de preparo das instituições limitam o acesso a oportunidades básicas. A vida dessas pessoas é repleta de obstáculos, desde a dificuldade de acessar espaços públicos até a ausência de suporte especializado em escolas e ambientes de trabalho.”
Nesse último sábado (21), foi comemorado o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, uma data que busca chamar a atenção para essas dificuldades e a necessidade de soluções inclusivas.
Veja os principais desafios enfrentados no cotidiano
- Calçadas Cheias de Obstáculos
Buracos, degraus e postes bloqueiam calçadas, dificultando a locomoção de pessoas com cadeiras de rodas ou mobilidade reduzida. Muitas vezes, é necessário desviar pelo meio da rua, aumentando o risco de acidentes. - Falta de Sinalização para Deficientes Visuais
A ausência de sinalização tátil e sonora em espaços públicos e a falta de iluminação adequada prejudicam a mobilidade de pessoas com deficiência visual. Além disso, a escassez de materiais adaptados, como livros em braile, limita seu acesso à informação. - Fila preferencial que nemsempre funciona
Pessoas com deficiência visual ou intelectual, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA), enfrentam constrangimento em filas preferenciais, muitas vezes sendo questionadas por não apresentarem deficiências “visíveis”. - Acessibilidade comprometida em prédios e eventos
Portas estreitas e corredores não adaptados em prédios comerciais e banheiros públicos tornam o acesso inviável para cadeirantes. Eventos esportivos e culturais também carecem de áreas acessíveis. - Comunicação inadequada
Pessoas com deficiência auditiva ou intelectual enfrentam dificuldades ao interagir com profissionais que desconhecem a Língua Brasileira de Sinais (Libras) ou não estão preparados para uma comunicação adaptada, o que impacta serviços essenciais, como consultas médicas e atendimento em restaurantes. - Escolas sem adaptações
Estudantes com deficiência intelectual ou TEA enfrentam falta de suporte nas escolas. A ausência de ambientes preparados e a falta de treinamento dos professores para lidar com crises comportamentais prejudicam o aprendizado e a inclusão. - Ambientes hostis para pessoas com TEA
Locais barulhentos e movimentados, como shoppings e transporte público, podem desencadear crises sensoriais em pessoas com TEA. A falta de espaços tranquilos ou áreas reservadas nesses locais impede que essas pessoas tenham uma experiência confortável.
A luta pela inclusão e a realidade
Instituído pela Lei nº 11.133, de 2005, o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência simboliza o início da primavera, trazendo a ideia de renovação e novas reivindicações por cidadania e igualdade.
Para Vanderson Gaburo, diretor social da Feapaes-ES, “a inclusão vai além de adaptações físicas. É necessária uma mudança de mentalidade para valorizar as habilidades dessas pessoas e garantir igualdade de oportunidades.”
A construção de uma sociedade verdadeiramente inclusiva passa por ações concretas, como o aumento da acessibilidade e a sensibilização da população para os direitos e capacidades das pessoas com deficiência. “Somente assim conseguiremos construir um ambiente justo para todos”, conclui Gaburo.