Saiba qual a importância de um diagnóstico precoce de TEA

Segundo a consultora da Feapaes-ES, pais e profissionais de Saúde precisam estar atentos para que essa identificação aconteça o quanto antes

Mesmo sem a possibilidade de conseguir um diagnóstico por meio de marcadores biológicos, o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) pode dar sinais logo cedo.

Segundo Vanessa Costa, consultora técnica de saúde da Federação das Apaes do Espírito Santo (Feapaes-ES), pais e profissionais de Saúde precisam estar atentos para um que essa identificação aconteça o quanto antes. Os sinais podem ser notados até mesmo antes do primeiro ano de vida. Veja alguns:

  • Falta de contato visual;
  • Ausência de resposta ao ser chamado pelo nome;
  • Falta de expressão facial;
  • Falta de reciprocidade social, como sorrir.

“Os sinais de alerta podem surgir antes dos 12 meses de idade, embora frequentemente se tornem mais evidentes entre 12 e 24 meses. O diagnóstico precoce do TEA pode trazer inúmeros benefícios para a cognição, comunicação e comportamento das crianças, potencializando suas capacidades e melhorando sua qualidade de vida”, explica a consultora.

De acordo com Vanessa, entre 12 e 24 meses, outros indícios se tornam mais claros e podem acender o alerta, incluindo atrasos no desenvolvimento da fala, perda de habilidades sociais ou de linguagem previamente adquiridas, poucas ações de imitação e desinteresse em interagir com outras crianças.

“Comportamentos repetitivos, como bater palmas ou balançar-se, também são indicadores importantes”, destaca a especialista.

A partir dos 24 meses, é importante prestar atenção a interesses restritos e intensos, como focar excessivamente em partes específicas de objetos ou alinhar brinquedos.

Além disso, deve-se observar se a criança tem rotinas rígidas, ficando muito incomodada com pequenas mudanças, e se apresenta habilidades motoras e sensoriais incomuns, como sensibilidade extrema a sons, texturas ou luzes.

“O primeiro passo é agendar uma consulta com o pediatra da criança ou com o médico da unidade básica de saúde, os quais podem realizar uma triagem inicial dos sinais do autismo e em caso de confirmação encaminhar para os serviços especializados para serem avaliados por uma equipe multidisciplinar”, afirma Vanessa.

A consultora explicou, ainda, que o diagnóstico é clínico, baseado em avaliações comportamentais, entrevistas com os pais ou cuidadores e testes específicos.

“O processo de confirmação ou exclusão do diagnóstico deve envolver uma equipe multidisciplinar formada por médico, psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, entre outros, seguindo os critérios do DSM-5”.

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) é um documento desenvolvido pela Associação Americana de Psiquiatria. Atualmente conhecido como DSM-5, pois está em sua quinta edição, o manual incorpora novos critérios a cada atualização para definir o diagnóstico.

Vanessa Costa, consultora técnica de saúde da Federação das Apaes do Espírito Santo (Feapaes-ES)
Vanessa Costa, consultora técnica de saúde da Federação das Apaes do Espírito Santo (Feapaes-ES) | Foto: Agência P6/Divulgação

Por que a intervenção precoce faz diferença? 

De acordo com a consultora técnica de saúde da Feapaes-ES, Vanessa Costa, a intervenção precoce impacta no desenvolvimento comportamental das crianças com TEA. Isso porque o cérebro nessa fase é altamente flexível e adaptável a novos aprendizados, especialmente nos três primeiros anos de vida.

“A intervenção precoce, que pode incluir diversas abordagens terapêuticas, é fundamental para apoiar o desenvolvimento da criança. Elas são eficazes em melhorar habilidades sociais, de comunicação e de adaptação “, ressalta.

Dados sobre o TEA no país 

No Brasil, há poucos dados recentes sobre pessoas com TEA. Segundo o último Censo Escolar, divulgado pelo governo federal no início do ano, 607.144 crianças e adolescentes com autismo foram matriculados em escolas regulares em 2023. No entanto, o país não realizou um estudo de prevalência nos últimos anos.

Em 2010, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou uma pesquisa que indicava a existência de dois milhões de pessoas com autismo no Brasil.

Já em 2011, um estudo-piloto com dados coletados em 2007 na cidade de Atibaia (SP), em um bairro com 20 mil moradores, chegou a resultado de 27,7 casos de pessoas com TEA por 10 mil habitantes.

Atualmente, especialistas utilizam como referência o relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.

Divulgado em 2023, o estudo aponta que uma em cada 36 crianças de 8 anos é diagnosticada com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), o que equivale a 2,8% dessa população.

Ao transpor essa prevalência para a população brasileira, estima-se que haja cerca de 5,95 milhões de pessoas com TEA no país.

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