“Estação Purpurina”: ES inaugura rádio em presídio LGBTQIA+
O estúdio foi montado com equipamentos de som, microfones e isolamento acústico, para transmitir a programação para as galerias
Primeira rádio do complexo prisional de Viana, a “Estação Purpurina” foi montada pela Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), na Penitenciária de Segurança Média 2 (PSME2), exclusiva e de referência à população LGBTQIA+. Entre os conteúdos que vão fazer parte da programação da rádio, estão informação, entretenimento e serviço.
O estúdio foi montado com equipamentos de som, microfones e isolamento acústico, para transmitir a programação para as galerias, das 7h às 18 horas. “Inicialmente, teremos duas internas a frente da mesa de som e da locução dos conteúdos. Será também um espaço para o repasse de informações sobre procedimentos e a rotina da unidade. A programação vai ter foco ainda em pautas educativas e de saúde, informações jurídicas e a presença de visitantes de diversas áreas que poderão contribuir com assuntos importantes. Será um espaço de entretenimento e conhecimento, mas, acima de tudo, de respeito”, explicou o diretor da penitenciária, Gabriel Fitaroni Neves da Cunha.
Para a inauguração do “Espaço Purpurina”, a unidade prisional contou com a participação da radialista Natizinha, da Rádio Litoral FM, que conduziu entrevistas realizadas no estúdio com as autoridades presentes e falou um pouco sobre o universo do rádio com custodiados da unidade. Além dela, o presidente da Comissão de Diversidade e Gênero da OAB Vila Velha, o advogado Warley Siqueira comemorou a criação da rádio.
“Esse projeto é fruto de muito empenho e muitas mãos. Eu, particularmente, tenho um carinho imenso por essa unidade. Não à toa, propus e sigo coordenando um Grupo de Estudo referente à Comunidade LGBTQIAPN+ no sistema prisional, onde destrinchamos os pormenores da gestão, dos projetos e demais questões que envolvem e beneficiam as pessoas em processo de reeducação do Média 2. É um privilégio sem tamanho ter a minha atuação pessoal, bem como o trabalho que desenvolvemos como Comissão na OAB VV reconhecidos a ponto de termos sido convidados para prestigiar um marco como esse”, afirmou o advogado.
Já a preparação dos internos da rádio “Estação Purpurina” contou com a experiência do interno Odair da Silva Loureiro, locutor na Rádio PRL, da Penitenciária Regional de Linhares (PRL). “Multiplicar o conhecimento que obtive na Rádio PRL é inovador e gratificante. E ver o projeto expandir como expandiu para outras unidades prisionais é motivo de muita alegria. Sempre digo que ninguém vive sem música e a música e o rádio trazem um poder ressocializador e abre possibilidades para que outros internos sejam profissionais da área futuramente. Eu quero me aperfeiçoar cada vez mais e dar prosseguimento à profissão de radialista para viver o que estou vivendo aqui lá fora”, contou.
Um dos internos da PSME2 foi o Fagner, que já chegou a trabalhar em uma rádio. “Já tive uma experiência lá fora trabalhando em uma rádio de São Gabriel da Palha. Mas aqui, aprendi muitas coisas e pretendo dar o meu melhor. Estou muito ansioso e feliz por começar”, disse.
O secretário de Estado da Justiça, Rafael Pacheco também esteve presente no evento de inauguração e elogiou a iniciativa. “Será mais um canal de comunicação da unidade com seu público de interesse. Um veículo que levará informação de qualidade sobre os diversos procedimentos realizados no sistema prisional, educação, saúde, religiosidade, entretenimento e música. São ações que modificam o clima do ambiente prisional e que proporcionam mais dignidade”, disse
O secretário destacou ainda, que mais estúdios serão montados em todas as unidades prisionais do Estado. Atualmente, são nove rádios instaladas em diversos municípios. “Nosso objetivo é implantar, ainda neste ano, mais oito estúdios de rádio em unidades de Viana, Colatina e Cachoeiro. Mas a meta é levar o projeto para todas as penitenciárias do Estado. A rádio é um excelente instrumento de comunicação e não temos dúvidas da relevância desta ação para a gestão do sistema prisional”, salientou Rafael Pacheco.