Pais atípicos falam sobre os desafios e as conquistas dos filhos no ES

Para os pais atípicos, as emoções e aventuras da paternidade vêm acompanhada de uma dose extra de dedicação e superação

Neste dia 11 de agosto, é celebrado o Dia dos Pais, que vivem a emoção de acompanhar os primeiros passos, as noites sem dormir, a ansiedade para saber como foi o primeiro dia de aula.

A paternidade pode ser uma jornada repleta de “primeiras vezes”, com seus altos e baixos. Para os pais atípicos, cujos filhos apresentam algum transtorno mental ou deficiência intelectual, no entanto, esses momentos vêm com uma dose extra de dedicação e superação.

Pais atípicos falam sobre desafios e conquistas
Eleonardo com o filho | Foto: Divulgação

Morador da Serra, o operador de produção Eleonardo Guimarães, 47, vivencia a paternidade atípica há 24 anos, desde a chegada de Eduardo.

“Com uma semana de vida, meu filho teve uma crise convulsiva. Naquela época, levamos ele diversas vezes ao neurologista e pediatra para tentar entender o que estava acontecendo. Com 2 anos, ele não falava nem andava”, recorda o pai.

Com deficiência intelectual, Eduardo passou a frequentar a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) ainda nos primeiros anos de vida, onde teve acesso a diversas terapias e atividades pedagógicas com foco no desenvolvimento e na autonomia.

“Com 9 anos, ele começou a falar e a andar sozinho. Ele estudava na escola pública e frequentava a Apae três vezes por semana.” Atualmente, Eduardo é um jovem adulto, que trabalha e tem suas próprias responsabilidades.

“Ele trabalha na padaria de um supermercado das 7h às 15h. O meu trabalho é das 14h às 22h, mas antes de sair, deixo a janta dele pronta na geladeira para ele apenas esquentar no micro-ondas. Nas nossas folgas, saímos para almoçar fora e, à noite, vamos à igreja. Sempre tiro férias no mesmo mês que ele, para podermos viajar juntos. O meu maior presente é ver meu filho trabalhando e feliz”, ressalta.

Ajuda profissional 

Acompanhar de perto a rotina do filho Leonardo, de 21 anos, também é fundamental para o cortador de tecidos Gilmar Almeida, 57. Apesar do diagnóstico sobre o transtorno mental ter sido confirmado apenas quando o jovem tinha 19 anos, os pais buscavam ajuda médica desde a infância dele.

“Ele já fazia acompanhamento neurológico e psicológico devido às suspeitas. Sempre procuramos os profissionais adequados e os tratamentos necessários para entender melhor o que se passava e ajudá-lo da melhor forma possível. Hoje, ele é acompanhado por um psiquiatra, faz terapias e recebe atendimento na Apae da Serra”, conta Gilmar.

Durante a semana, Leonardo tem aulas de arteterapia, capoeira, dança e teatro, além de estar matriculado em um curso de assistente administrativo. Quando não está estudando, o jovem se envolve em todas as atividades da família como cuidando da casa, indo ao supermercado, ou se divertindo no cinema, em parques e viagens.

Pais atípicos falam sobre desafios e conquistas
Gilmar com o filho | Foto: Divulgação

Apesar de toda a preocupação em garantir o bem-estar de Leonardo, o pai conta que não foram poucos os desafios enfrentados pela família ao longo dos anos, seja no ambiente escolar, na comunidade ou entre familiares que não entendiam a condição do jovem. No entanto, para Gilmar, acompanhar todas as etapas de desenvolvimento do filho é um dos maiores orgulhos que carrega.

“Leonardo adora desenhar e ler os clássicos da literatura. Ele tem um ótimo relacionamento social, é alegre e espontâneo. Quando estudava, eu sempre procurava saber o que tinha acontecido naquele dia e o que ele tinha aprendido. Hoje, continuo perguntando sobre o seu dia. Somos grandes amigos e estou sempre ao seu lado, ajudando-o nos desafios da vida.”

Parentalidade atípica 

Mães e pais atípicos são aqueles que têm filhos com condições de saúde crônicas, deficiências ou qualquer outro tipo de desafio que demanda um cuidado e atenção diferenciados. Esses filhos podem ter condições físicas, mentais, comportamentais ou emocionais que exigem dos pais uma adaptação em suas rotinas e cuidados.

“São mães e pais que buscam aprender tudo sobre as necessidades específicas de seus filhos, os tratamentos, as terapias e acomodações necessárias para proporcionar uma vida mais inclusiva e confortável para eles. Eles também enfrentam desafios adicionais, como a busca por suporte adequado, lidar com preconceitos e a necessidade constante de defender os direitos dessas pessoas”, explica Maria das Graças Vimercati, presidente da Federação das Apaes do Estado do Espírito Santo (Feapaes-ES).

Deixe uma resposta

Fique tranquilo! Seu endereço de email não será publicado.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Assumiremos que você está de acordo com isso, mas você pode cancelar, se desejar. Aceitar Leia Mais

Política de privacidade e cookies