Dia da Consciência Negra: história, desafios e a luta por igualdade

Mais de 136 anos passaram após a Abolição da Escravatura (1888), mas o Brasil ainda enfrenta desafios estruturais para garantir igualdade

Pela primeira vez, o Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado neste 20 de novembro, é considerado feriado nacional. A Lei 14.759/2023 foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio lula da Silva (PT), no último ano.

A data marca a morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. Líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi foi símbolo da resistência negra à escravidão no Brasil, lutando por liberdade em uma época em que a opressão racial era a base da sociedade colonial. Localizado na Serra da Barriga, no atual estado de Alagoas, o quilombo representava um dos maiores focos de organização e resistência contra o regime escravista.

Mais de 136 anos passaram após a Abolição da Escravatura (1888), mas o Brasil ainda enfrenta desafios estruturais para garantir igualdade de oportunidades para a população negra.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 56% da população brasileira se autodeclara preta ou parda, categorias usadas no país para identificar pessoas de ascendência africana.

Isso equivale a aproximadamente 120 milhões de pessoas, mais do que qualquer outro país fora da África. No entanto, a presença de negros em espaços de decisão e destaque ainda é limitada, evidenciando um reflexo histórico de exclusão.

Consciência Negra: Verônica Lopes de Jesus e Andressa Ribeiro | Fotos: Divulgação
Verônica Lopes de Jesus e Andressa Ribeiro | Fotos: Divulgação

A Importância da Representatividade

Segundo Verônica Lopes de Jesus, presidente da ONG Instituto Oportunidade Brasil e fundadora do Clã das Pretas, a representatividade é essencial para a construção de um futuro mais inclusivo.

“Apesar da população negra ser a maioria do nosso país, ela é a minoria em muitos setores da nossa sociedade. E não é por falta de talento, competência ou dedicação, mas sim um reflexo de um sistema que historicamente limita a representatividade do nosso povo”.

Verônica reforça que, para mudar essa realidade, é fundamental que as futuras gerações possam se enxergar em espaços de visibilidade e decisão.

Andressa Ribeiro, engenheira, advogada e também fundadora do Clã das Pretas, destaca a desigualdade no mercado de trabalho.

“Apesar de representar 56% da população brasileira, pessoas negras ocupam apenas 5% dos cargos de liderança no país. Precisamos de políticas de talento, mentoria de carreira e transparência nas empresas para mudar isso. Diversidade não é só uma questão social, mas de inteligência nos negócios, com empresas diversas sendo 33% mais lucrativas”.

Educação e Cultura como Ferramentas de Transformação

A Lei nº 10.639/03, que completou 20 anos em 2023, estabelece a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas. Essa medida visa preencher uma lacuna histórica e valorizar a contribuição africana para a formação do Brasil.

Contudo, a implementação da lei ainda enfrenta desafios. De acordo com uma pesquisa do Geledés Instituto da Mulher Negra e do Instituto Alana (2022), apenas 29% das secretarias de educação possuem ações consistentes para promover o ensino da história e cultura afro-brasileira.

Essa dificuldade reforça a importância de iniciativas que resgatem a memória e incentivem o protagonismo negro em todas as áreas da sociedade.

Consciência e Compromisso

O Dia da Consciência Negra é mais do que uma data comemorativa; é um convite à reflexão sobre o passado e o presente do Brasil.

Reconhecer o legado de Zumbi dos Palmares e de tantas outras figuras negras é fundamental para entender que a luta por igualdade e justiça racial ainda é necessária. Que este dia inspire ações concretas para construir um país onde todos tenham as mesmas oportunidades e direitos.

Deixe uma resposta

Fique tranquilo! Seu endereço de email não será publicado.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Assumiremos que você está de acordo com isso, mas você pode cancelar, se desejar. Aceitar Leia Mais

Política de privacidade e cookies